Dia Nacional da Língua Portuguesa
Pousei no Brasil pela primeira vez em 17 de Junho de 1989 aos 20 anos de idade.
A matemática do placar é simples: 50 idade x 30 Brasil.
Tenho algumas imagens do primeiro dia fixadas na minha mente, como se fossem pegadas memoriais que jamais se alteraram.
A primeira imagem que sempre puxo na mente é de passar pela Lagoa Rodrigo de Freitas no Rio de Janeiro. Achei o visual deslumbrante. Pedi ao taxista para parar o carro, assim poderia admirar a paisagem. Tomei uma água de côco e voltei para o táxi. Ao chegar em Copacabana, fui diretamente para o apartamento, almocei e dormi.
Horas depois, acordei e desci para andar na Avenida Atlântica. A vista foi ainda mais marcante com a iluminação do calçadão. Eu via as pessoas de todas as idades fazendo de tudo que é possível numa rua: vendendo artesanatos nas barracas, comendo e bebendo nos bares, batendo papo enquanto andavam, jogando baralho e xadrez, fazendo atividades físicas, namorando e até cuidando de bebês. Obs: Não reparei a prostituição no primeiro dia.
Eu não compreendia nenhuma palavra, mas entendia tudo o que acontecia.
Hoje falamos sobre a Língua Portuguesa. Me tornei fluente em Português com relativa facilidade para uma Americana. Os “gringos” são conhecidos pela dificuldade de acertar o Português. Para mim foi um desafio, cuja conquista diária de melhorar me alegrava e me estimulava a aperfeiçoar.
Da mesma forma que guardo imagens deslumbrantes do primeiro dia, eu tenho também imagens e memórias das frustrações e obstáculos da língua Portuguesa. Decidi compartilhar algumas delas:
- “Entre a cruz e a espada” – Esse ditado não faz sentido. Ou a pessoa já está pregada e sendo crucificada e a espada não faz diferença porque ela já vai morrer, ou a pessoa está solta e encostada na cruz e nesse caso é só baixar a cabeça e sair por trás correndo!
- “Juntar o útil ao agradável” – Essa frase me matava. Se é útil, dificilmente é agradável.
- “Chovendo canivetes” – Em Inglês é “Raining cats & dogs. Chovendo gatos e cachorros”…… Canivetes faz mais sentido, mas eu sentia falta dos bichos!
- Sexta, cesta. Fala sério!
- Férias, feiras, fera, fria, frei………. Fala sério de novo!
- “Dar a luz” – To give birth. É linda a frase, mas foi muito difícil me adaptar ao uso dela.
- Jurar e Juros. Eu juro que juros são diferentes!
- Impostos, taxas e juros. Todos ruins do mesmo jeito.
- Coelho x Colher. Não sei quantas vezes pedi um coelho para tomar sopa até acertar.
- Gestão x Gestação. Também acusei vários administradores de serem péssimos gestantes.
- Gravar x Engravidar. Lembro muito bem que aprendia Português na época da fita cassete. Um dia pedi para o marido de uma amiga engravidar uma fita para mim. Ele respondeu “reservo esse direito apenas para a minha esposa”
- Guardanapo x Guaraná x Guarapiranga…. GUA……..guacamole?
- Quinquagésimo …… Muito difícil pronunciar. Eu repetia tanto que sonhava com 50 nuvens na forma de 50. No sonho eu contava as nuvens enquanto elas flutuavam no céu.
Aos poucos os ditados se tornaram coloquiais, e com mais tempo acertei a gramática no piloto automático.
Tenho mais anos do Brasil do que dos Estados Unidos.
Ao longo de 3 décadas, escrevi MUITO. Escrevi como ghost writer para clientes. Desenvolvi colunas, artigos e conteúdo em nome dos clientes.
Eu nunca quis o holofote para mim.
Nunca até 15 meses atrás.
Há 15 meses uma pessoa envolvida num mesmo projeto que eu tentou sabotar o meu trabalho. Passei meses ouvindo do contratante que essa pessoa tinha provas que eu não sabia escrever, comunicar ou trabalhar no ramo que faço há 3 décadas. Vivi na defensiva. Viví atormentada a noite que meu português havia se arruinado, que havia apodrecido do dia para noite.
Em Janeiro desse ano fui convidada a participar como co-autora de um livro. Quase não aceitei, pois a auto-estima estava para baixo. Contemplei bastante e decidi escrever como sempre escrevi. Submeti o texto ao editor na expectativa de receber muitas correções.
O livro foi publicado sem nenhuma correção, edição e/ou alteração.
Quando fui informada que meu texto seria publicada do jeito que escrevi porque estava ótimo, decidi refazer todo o conteúdo da CWIST assumindo a autoria pela primeira vez na minha vida.
Cada vez que lembro da tentativa de sabotagem da pessoa que se dedicou tanto à destruição alheia, volta para mim sempre uma frase em Português, tão fácil de falar e entender: #Vá-te-catar que remete o leitor a pensar em outras frases que não posso publicar.
Com isso, encerro esse blog lembrando que a essência de nossa atuação é Mindful Business com o foco em otimizar conversão.
Qual é o moral dessa história contada em Português sobre o Português no dia Nacional da Língua Portuguesa?
Comunicação oral, escrita, visual e corporal é a base de converter resultados.
As empresas comunicam através de vendas, marketing, branding, atendimento, políticas, propostas, ações e interações.
Português é um idioma lindo, expressivo e caloroso que enriquece as modelagens entre comunicação e resultado.
Saudamos e homenageamos esse idioma especial no seu dia!
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